Intercéltico Sendim 09



Esta review será um pouco diferente das outras uma vez que este festival também é um pouco diferente dos outros. Será feito no discurso directo e
pessoal.

Após chegada da comitiva de Coimbra a Sendim ao final da tarde e a colocação das tendas na área de campismo para o efeito, lá nos deslocámos até à praça principal onde se situa a igreja matriz, atravessando para tal efeito a povoação.
Aí chegados pudemos constatar que em frente ao café do Passareiro a animação já ia avançada com alguns elementos dos Uxu-Kalhos, dos Roncos do Diabo e de alguns espanhois que tocavam e animavam a população que se amontoava ora nas mesas da esplanada, ora em pé agarrados a algumas cervejas ou a outros líquidos que escorregassem bem pela garganta abaixo, cantando ou cantarolando quando reconheciam algumas das músicas que os músicos tocavam e batendo palmas após o término das mesmas.
Da nossa parte foi reconfortante rever algumas caras conhecidas de outros anos - como por exemplo o senhor António, um respeitável senhor magrito dentro de uns calções relativamente curtos de 59 anos, velho conhecido destas lides, que distribuia bonomia e alegria por alguns familiares, amigos e conhecidos, como nós.
É nisto que este festival é diferente dos outros, o carácter familiar em que se baseia e se apresenta.

1ª noite:
Dentro do recinto, à tradicional barraca de Licor Celta (este ano mais abagaçado e menos doce do que nos outros anos), juntava-se uma barraca de Hidromel. Para alem disso juntavam-se igualmente algumas barracas de merchandising: venda de CDs das bandas que iriam actuar no festival e de outras dentro do espectro folk, e de instrumentos tradicionais que se encontravam em exposição e para venda.


Lenga-Lenga - primeira banda a abrir o festival. São uma banda local das terras de Miranda e o repertório é baseado nas músicas tradicionais mirandesas. Foi um bom começo para inicio do festival, e perto do fim subiram ao palco dois valores promissores na música de Sendim, a Vanessa na voz e a Angela no violino, dando um colorido diferente e mais vivo à musica até aí interpretada pelos Lenga-Lenga.

Maria Salgado - esta senhora espanhola nascida na cidade de Valladolid conta já com uma carreira a solo (e algumas participações noutros projectos) substancialmente grande e, foi com alguma curiosidade que assisti ao concerto dela, já que não sendo uma artista em que a predominância da estrutura folk mais animada (que empolgasse o pessoal para a dança) está presente no repertório, mesmo assim desenrascou-se bastante bem.
A música de inspiração castelhana - e em algumas músicas com um travo de música cubana como as retiradas do seu ultimo album - conquistaram grande parte do público, embora o ponto alto tenha sido a sua interpretação pessoal da "Saia da Carolina" uma música onde muita gente fez coro.
Mas, como própria ela reconheceu, estavam todos à espera da banda que se seguia: os Hedningarna.

Hedningarna - quatro rapazes em cima de um palco a darem-nos a melhor música folk que se faz na Suécia. Hurdy-gurdys, moraharpa, violino, gaita de foles sueca, e percursão debitaram musicas dos albuns "Tra", "Hippjokk" e "Karelia Visa" (aqueles que reconheci e dos albuns que conheço). Embora algumas músicas houve em que eles poderiam ter explodido e não o fizeram. Com certeza faria da actuação deles uma actuação memorável em Portugal. Assim ficaram simplesmente por uma actuação muito boa, competentissima e bastante profissional.

De referir que o convivio até às sete e picos da manhã com três dos elementos de Hedningarna e com o técnico de som deles perto de uma das tabernas por cima dos bombeiros revelou-se uma experiência muito interessante, pessoas humildes, bem dispostas e sem vedetismos.

2ª noite:
Este segundo dia teve uma afluência de público muito superior ao primeiro dia.

Korrontzi - por motivos de um jantar longo no restaurante só presenciei metade da actuação deste grupo da região de Euskadi, País Basco.
Quando cheguei a animação era grande já que este grupo praticava uma sonoridade algo alegre baseada na antiga tradição dos "trikitilari" - interprete do acordeão diatónico basco.

Brigada Victor Jara - a aposta nacional do festival que foi mais do que ganha. Musica tradicional portuguesa num repertório bem escolhido animaram e de que maneira o local do concerto. Principalmente por todos conhecerem as músicas mais tradicionalista como o instrumental Murinheira (que foi para dançar), a Cana Verde, Senhora do Almurtão, O Anel que Tu Me Deste, ou o Marião. Pôs toda a gente a mexer.

LLan de Cubel - a segunda banda que me levou ao festival, depois de Hedningarna, revelou-se algo frouxa. Certo que teve momentos bons e altos mas a musica folk e de cariz celta desta banda das Astúrias revelou-se a espaços um pouco monótona. A alegria do violino e da gaita de foles ajudada pela percursão do Fonsu Mielgo era quebrada logo por duas ou três músicas de caracter mais intimista interpretadas por flauta e pelo violão do Pereda (ou era pelo adiantado da hora e do frio ou pela cansaço provocado pela Brigada, o que é certo é que iam eles tocando e, a espaços, ia o público debandando). Mesmo assim ainda destaco quatro marchas interligadas (uma religiosa, uma militar, duas festivas) e o tema Cabraliega que deve ser dos mais conhecidos em Espanha já que ouvi muitos espanhois à minha volta a cantá-la.

Após findo o concerto ainda deu para dar um salto à Taberna dos Celtas onde o grupo Trasga, sob a batuta do Célio Pires, um dos mais famosos construtores e eximio tocador de gaita de foles, iam animando o pessoal àquelas horas da madrugada, a quem quisesse comer como ceia um caldinho verde ou beber mais umas para o caminho.

Para o ano há mais, esperemos que desta feita com Chieftains!




Texto por: João "Burzum" Osório
Fotos por: João "Burzum" Osório




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